A tensão no ar era palpável quando Mia e Lucas voltaram para o apartamento. A mensagem ameaçadora que Mia recebera estava a rodar incessantemente na sua cabeça. Sabia que o tempo estava a esgotar-se. Com Jorge a alertar o grupo e os influenciadores a fechar o cerco, precisavam de agir rapidamente antes que fosse tarde demais.

Lucas, por outro lado, estava focado. Desde o encontro com Diana Costa, ele mergulhara ainda mais nas suas investigações, procurando ligações entre os membros do grupo e as transferências bancárias que tinham descoberto. "Estamos perto," disse ele, com os olhos fixos no ecrã. "Se conseguirmos identificar quem está a financiar esta operação, podemos derrubar toda a rede."

Mia sentia o peso do perigo a crescer, mas também sabia que Lucas estava certo. Para acabar com os influenciadores, precisavam de uma prova irrefutável—um rastro financeiro que os ligasse diretamente aos crimes. Lucas trabalhava incessantemente, procurando uma falha nos sistemas de segurança digital dos influenciadores.

Mas, então, algo inesperado surgiu nos ecrãs de Lucas. Uma nova transferência bancária, ligada ao grupo, com um nome que Mia reconheceu de imediato. Era Alícia, uma amiga próxima, alguém com quem Mia tinha colaborado várias vezes no passado no mundo da moda digital.

Mia ficou incrédula. "Alícia? Não pode ser… Ela é minha amiga. Eu conheço-a há anos."

Lucas virou-se para ela, a expressão séria. "As provas estão aqui, Mia. Ela está ligada a este grupo. Pode ter estado a usar a tua confiança para se aproximar, ou pior, para te manipular desde o início."

Mia sentiu o chão a fugir-lhe. A ideia de Alícia, alguém em quem sempre confiara, estar envolvida nesta rede criminosa era quase insuportável. Mas as provas não mentiam. A transferência estava lá, clara como água. "Tenho de falar com ela," disse Mia, a voz a tremer. "Preciso de ouvir da boca dela o que está a acontecer."

"Isso é perigoso," avisou Lucas. "Se ela está envolvida, pode ser uma armadilha."

"Eu sei," respondeu Mia, com determinação. "Mas não posso ignorar isto. Preciso de respostas. E se há alguma coisa que ela sabe que possa ajudar-nos, tenho de descobrir."

Relutante, Lucas concordou. "Vou monitorizar a conversa. Se algo correr mal, tiro-te de lá."

Horas mais tarde, Mia encontrou-se com Alícia num café que frequentavam há anos. O ambiente familiar fazia parecer que tudo estava normal, mas Mia sabia que nada mais era o que parecia. Alícia chegou com o mesmo sorriso caloroso de sempre, sentando-se à frente de Mia como se não houvesse qualquer segredo sombrio entre elas.

"Então, como estás?" perguntou Alícia, despreocupada, enquanto folheava o menu.

Mia sentiu o coração apertado. Decidiu ir direto ao ponto. "Alícia, preciso de falar contigo sobre algo sério."

Alícia levantou o olhar, a expressão curiosa. "O que foi?"

Mia respirou fundo. "Eu sei que estás envolvida com o grupo de influenciadores. Sei sobre as transferências bancárias. E preciso de saber porquê."

Por um momento, o rosto de Alícia congelou, o sorriso desaparecendo. Mas, em vez de negar, ela suspirou e encostou-se na cadeira. "Sabia que mais cedo ou mais tarde isto viria à tona."

Mia sentiu um arrepio. "Então é verdade? Estás envolvida com eles?"

Alícia olhou diretamente para Mia, os olhos cheios de uma mistura de tristeza e resignação. "Não é tão simples, Mia. Eu não queria que fosse assim. Mas eles têm poder, muito mais do que tu imaginas. E se tu tentas sair ou expor algo, eles destroem-te. Estive presa a eles desde o início, sem escolha."

"Por que nunca me disseste nada?" perguntou Mia, a voz carregada de frustração.

"Porque se o tivesse feito, teria posto a tua vida em risco. Eu sei do que eles são capazes. Sei o que fazem a quem tenta fugir ou denunciá-los. Não queria que fosses uma das vítimas."

Mia sentiu-se dividida entre a raiva e a compaixão. "Então, ajuda-me a derrubá-los. Dá-me o que precisamos para os expor."

Alícia hesitou, os olhos a percorrerem o café como se estivesse a avaliar o perigo de cada canto. "Eles estão a monitorizar-me, Mia. Se eu der um passo em falso, estou acabada. E se tu continuares com isto, vais acabar como as outras pessoas que eles silenciaram."

Mia apertou os punhos debaixo da mesa. "Preciso de uma resposta, Alícia. Vais ajudar-nos ou vais continuar a ser uma parte deste jogo sujo?"

Houve um longo silêncio, até que finalmente Alícia falou, a voz baixa. "Encontra-te comigo amanhã à noite. Não posso prometer que vai correr bem, mas posso dar-te algo. Algo que talvez faça a diferença."

Mia assentiu, mas a sensação de perigo estava mais forte do que nunca. Sabia que ao envolver Alícia, tudo ficava mais arriscado, mas não tinha escolha. A verdade estava à sua frente, e agora, o passo seguinte era decisivo.