O ar estava pesado na pequena habitação que servia de refúgio a Sofia e Elias. O crepitar da fogueira projetava sombras dançantes nas paredes, enquanto os dois olhavam atentamente para o mapa manchado de sangue que tinham estendido sobre a mesa.
"Não podemos esperar mais," disse Sofia, a determinação a arder nos seus olhos. "Precisamos atacar a base da Ordem antes que se reúnam novamente."
Elias, com o rosto sombrio, contemplou o mapa. As linhas desenhadas ali não eram apenas marcadores; eram estratégias, planos de vida ou morte. "Eu sei," respondeu ele, "mas a sua segurança é fundamental. Já perdi demais por causa da Ordem."
A menção da perda fez o coração de Sofia apertar. Ela sabia que Elias estava a lutar com os fantasmas do seu passado, uma batalha interna entre a lealdade à sua família e a moralidade que estava a desenvolver ao lado dela. "Elias, nós temos uma oportunidade real de fazer a diferença," insistiu ela. "Precisamos de libertar as pessoas que ainda estão naquele inferno."
"O que acontece se encontrarmos o meu irmão?" Elias perguntou, a voz um misto de dor e raiva. "O que é que eu faço com a lealdade que ainda sinto por ele? Tem um preço. E se ele estiver lá, a comandar tudo?"
A sensação de conflito era palpável, e Sofia pôde ver as cicatrizes que marcavam não apenas a pele de Elias, mas a sua alma. "Tu não tens que confrontá-lo sozinho," disse ela suavemente. "Estamos juntos nisto. A nossa luta é mais importante do que a tua relação familiar."
Elias cerrou os punhos, o corpo tenso. "Como posso lutar contra a Organização sem ficar a pensar no que vou fazer ao meu próprio irmão? Ele não é apenas um soldado da Ordem; é parte de mim."
"E se o que ele está a fazer está a destruir as nossas vidas? A Ordem não traz nada de bom," Sofia respondeu, com uma paixão fervorosa. "Lembra-te do que fizeram ao teu passado, às pessoas que amas. Precisamos de transformar essa dor em força."
O olhar de Elias suavizou por um momento, mas a sombra da sua hesitação permaneceu. "E se eu não conseguir? E se for ele a vencer?"
Sofia aproximou-se, tocando-lhe o braço, a determinação fresca nos seus olhos. "Foi por isso que estamos aqui, Elias. Juntos. Um combate de corações em conflito não é apenas sobre o campo de batalha. É sobre a escolha que fazemos entre o amor e a perda, a lealdade e a moralidade. Esta é a nossa luta."
O ambiente tornou-se mais silencioso. Elias respirou fundo e olhou para o mapa uma vez mais, reconhecendo o que precisava fazer. "Certo," disse finalmente, "vamos planear. E se formos derrotados, garantimos que eles saibam que lutámos até ao fim."
"Isso é o que eu quero ouvir," respondeu Sofia com um sorriso, sentindo a coragem a infundir-se de novo nos corações deles. "Nós não seremos apenas sombras na história; vamos fazer a diferença."
Com o plano delineado, um novo sentido de propósito preenchia o espaço entre eles. Mas as palavras de Elias ressoavam na sua mente, uma advertência sombria sobre o que estava por vir. E enquanto se preparavam para o ataque, Sofia sabia que, independentemente do resultado, a batalha interna de Elias poderia ser a sua maior adversidade.