As luzes fracas da sala de reuniões clandestina lentavam um ambiente misterioso e tenso. Sofia sentia o coração acelerar enquanto olhava à sua volta. Os investidores, uma mescla de rostos familiares e estranhos, falavam entre si, os murmúrios ecoando como sussurros numa caverna. Era ali, naquele lugar sombrio, que as suas esperanças e sonhos seriam postos à prova.
Quando um dos investidores, um homem robusto com uma voz autoritária, se virou para Sofia, tudo parou. Ele disse: "Sofia, acreditamos que a sua pesquisa sobre viagem no tempo pode mudar o mundo. Mas temos algumas… propostas." O olhar dele era penetrante, quase intimidador.
Com a respiração presa, Sofia recordou-se da sua apresentação anterior, do erro que quase lhe custara a carreira. "Que propostas?" ela questionou, tentando manter a calma.
O homem abriu um sorriso cínico. "Imagine poder alterar eventos que não correram como esperado. Corrigir a história a nosso favor." Outros investidores acenaram com a cabeça, estimulando Sofia a ouvir mais.
A sua mente girava. Alterar a história? Isso era algo que ela nunca tinha considerado. "Mas isso não é moralmente aceitável, não poderia simplesmente… mudar tudo?" A sua insegurança transparecia nas suas palavras.
Um investidor mais velho, que Sofia reconheceu como sendo o seu antigo professor, interveio: "Os riscos são relevância. A ciência deve avançar, mesmo que isso signifique sujar as mãos."
Aquelas palavras atingiram Sofia como um soco no estômago. A sua ética científica era colocada em dúvida. "E se causarmos consequências irreparáveis?" indagou ela, com a voz a tremer.
O professor virou-se para ela, seus olhos refletindo um passado familiar. "A ciência é, para muitos, uma questão de poder. Pergunte a si mesma: a descoberta vale mais do que a verdade?"
O dilema corroía-lhe o interior. Aceitar o financiamento poderia significar renunciar aos seus princípios, mas desistir poderia custar-lhe a sua carreira e a possibilidade de explorar o que amava. "Não posso simplesmente ignorar as consequências dessas ações."
Outro investidor interrompeu, "Mas se tivermos sucesso, Sofia, poderemos fazer do mundo um lugar melhor, até mesmo salvá-lo. Quem não gostaria de ter essa oportunidade?"
Enquanto as palavras ressoavam no ar, ela olhou à volta. Havia uma necessidade de poder ali, uma ambição cega que a fazia sentir-se enjoada. "E o que se passa com a ética? E com os que já foram afetados pela história?" A sua voz aumentava em intensidade, mostrando a sua determinação.
O homem robusto respondeu, "Nada é perfeito, minha cara. A vida é cheia de escolhas difíceis. Lembre-se, quem controla o passado, controla o futuro."
As suas palavras ecoaram na mente de Sofia. Lembranças do seu professor, momentos que agora pareciam apagados por essas revelações, colidiram com a realidade do presente. "Como posso confiar em vocês?" ela questionou, a desconfiança a transparecer na voz.
O professor, agora mais próximo, disse com sinceridade: "Sofia, eu sei que estas decisões não são fáceis. Mas às vezes, precisamos dar um passo atrás para ver a imagem completa. Não se esqueça de que crescer na ciência também requer coragem."
Olhando para ele, Sofia viu o homem que tinha admirado durante anos, e a confusão apoderou-se dela. Ele agora estava do lado de quem ela considerava potencialmente perigoso. A tensão na sala aumentava, e a pergunta pairava: o que faria? Continuaria a perseguir o sonho da viagem no tempo ou se tornaria cúmplice de ações que poderiam destruir o tecido da realidade?
Neste momento crítico, ela sabia que a sua decisão não afetaria apenas a sua vida, mas muitas outras vidas que ainda não haviam sido afetadas, cujas histórias ainda não haviam sido escritas.