O Eco do Futuro

Sofia estava diante da máquina do tempo, a sala iluminada apenas por um suave brilho azul que emanava da superfície do dispositivo. O peso da decisão que estava prestes a tomar pressionava o seu coração, enquanto a memória de todos os momentos partilhados com Pedro saturava a sua mente. Ela sabia que o sacrifício que faria era imenso, mas tinha a certeza de que era a única forma de reverter o caos que os investidores tinham desencadeado.

Com as mãos tremendo, Sofia acomodou-se na cadeira que se encontrava à frente da máquina. Decidiu que precisava de deixar uma mensagem para Pedro, uma última recordação, algo que pudesse ecoar através do tempo. Ela respirou fundo e começou a gravar: "Pedro, se estiveres a ouvir isto, quero que saibas que fiz tudo o que pude. Lutarei até ao último momento por ti e pelo que somos. A nossa história não terminará aqui, mesmo que eu não esteja presente para vivê-la.”

As lágrimas escorriam-lhe pelas faces, mas ela não parou. "Desde o primeiro dia que te conheci, percebi que havia algo especial entre nós. O nosso amor foi uma luz num mundo tão escuro. Eu soube que, para alterar o que fizemos, para consertar esta linha do tempo terrível, teria de fazer o impensável. Mas, acima de tudo, quero que saibas que a minha escolha vem do amor.”

Ela hesitou por um momento, pensando na dor que a sua ausência causaria a Pedro. Contudo, a lembrança dos olhares tristes e do sofrimento que a viagem tinha causado a tantas pessoas deu-lhe força. "Se este sacrifício puder trazer um futuro melhor, eu farei. Não lutes pela dor da minha perda, mas sim pela força do nosso amor. Ele sempre será a razão pela qual voltei no tempo.”

A mensagem estava quase a acabar. Sofia apanhou uma respiração profunda e encerrou, "Um dia, espero que possas olhar para o futuro e encontrar a felicidade que mereces. Nunca te esqueças de mim, mesmo que o mundo não saiba o que verdadeiramente aconteceu. Estarei sempre contigo, em cada decisão, em cada vitória. Adeus, meu amor.”

Com a gravação finalizada, as luzes do equipamento começaram a piscar, sinalizando que o momento estava a chegar. Sofia pousou a mão no dispositivo, sentindo o frio do metal contra a pele. O seu coração batia a mil, mas de uma forma serena, como se estivesse finalmente em paz com a decisão que havia tomado. "Estou pronta," murmurou, dirigindo-se ao futuro que nunca teria.

Quando ela ativou a máquina, um brilho ofuscante envolveu-a, e o mundo à sua volta começou a desvanecer. As memórias de Pedro e dos momentos que partilhara com ele tornaram-se um eco distante, mas ainda assim vibrante. No momento seguinte, tudo se apagou.

Na nova linha do tempo que começou a emergir, Pedro estava sozinho, as memórias de Sofia a flutuar fracamente nos confins da sua mente. Ele não sabia o que lhe tinha sido tirado, mas sentia um vazio profundo, uma fraqueza que o acompanhava como uma sombra. Ao longo dos dias que se seguiram, ele procuraria pistas, fragmentos que o ligassem ao amor que uma vez tivera, ao eco de uma mulher que se sacrificou para que ele pudesse viver.

Fim
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