Durante a missão de correção, Sofia encontrava-se num ambiente tenso. A sala, iluminada por luzes frias, refletia o brilho do painel de controlo que ela e a sua equipa tinham construído. No entanto, a essência do que ali estava a acontecer tinha um gosto amargo. Os investidores, seres furtivos que antes pareciam tão poderosos, agora revelavam-se como manipuladores cruéis, prontos a sacrificar o passado para o seu próprio benefício.
"Sofia, não podemos hesitar mais," disse Pedro, o seu olhar intenso a atravessar o espaço que os separava. "Temos de confrontá-los e exigir que nos deixem arranjar a linha do tempo. Não podemos permitir que sigam em frente com esta insensatez!"
Sofia sentia o coração a acelerar. A sua mente lutava com a ideia de desmantelar o que tinha trabalhado tanto para construir, mas sabia que tinha de agir. O peso da responsabilidade estava sobre os seus ombros.
"Pedro, não se trata apenas de nós," respondeu ela, com a voz firme, "é sobre tudo e todos. Se não pararmos isto agora, as consequências poderão ser irreversíveis."'
Com um suspiro profundo, Sofia virou-se para os investidores, que aguardavam o seu próximo movimento com olhares expectantes. Era o momento decisivo, e ela sabia-o. A verdade era que tinha a oportunidade de desfazer tudo que tinha acontecido, mas o custo seria elevado.
"Senhores, precisamos de discutir as implicações das vossas ações," começou Sofia, tentando manter a calma. "Uma manipulação do tempo pode levar a resultados devastadores. É necessário parar e refletir."'
Os investidores trocaram olhares cúmplices, segurando os sorrisos, como se se divertissem com a sua hesitação. Um deles, o que tinha sido o professor de Sofia, levantou-se lentamente.
"Sofia, você ainda não percebeu? O passado é uma ilusão, e a nossa ambição não conhece limites," disse ele, com um tom que significava desafio. "O que propomos é muito mais do que uma mera sequência de eventos; é poder!”
A tensão cresceu à medida que o diálogo se desenrolava. Sofia lutava contra a amargura que subia à garganta. "E a ética, onde se encaixa nesse poder?" questionou impetuosamente. "Estão dispostos a sacrificar vidas e memórias por um controle que vos dará qualquer satisfação momentânea?"
As risadas descontroladas ecoaram pela sala, lembrando-a de que não estavam apenas a lidar com investidores — estavam a encarar seres sem emoção, focados em alimentar-se da dor e da distorção do tempo.
Um silêncio súbito envolveu o espaço; o peso das palavras de Sofia pesava no ar. Era uma pergunta válida; a sua voz ressoava com uma força que ela não sabia que possuía. Sem eles verem o impacto que isso teria, Sofia começou a planear o seu próximo movimento.
"Eu… eu não vou deixar que isto continue," disse, decidida. "Se tivermos de restaurar o que foi perdido, estou disposta a fazer o que for preciso. Mesmo que isso signifique apagar a minha própria existência."'
Pedro olhou-a com olhos incrédulos. "Sofia, não! Não penses assim! Precisamos de encontrar outra forma!"
"Não há outra forma, Pedro!" retorquiu ela com firmeza. "O único jeito de restaurar a linha do tempo é sacrificar-me. Devemos proteger o futuro, mesmo que isso signifique que eu não serei parte dele."'
Neste momento, Sofia sentiu-se forte. A sua determinação crescia à medida que a realização da sua missão se desdobrava diante dela. A sua vida tinha sido dedicada à ciência e à ética, e não permitiria que outros colocassem em risco o que defendia.
"Farei isso, não só por nós, mas por todos," prometeu, a voz a vacilar um pouco, mas firme. "Serei a ponte entre o nosso tempo e o passado que deve ser protegido."'
A sala encheu-se de murmúrios, mas para Sofia, tudo desapareceu; ela tinha um propósito claro. O confronto com os investidores não era apenas sobre a viagem no tempo, mas sobre a luta pela preservação do que era correcto e justo.
E assim, com a mente decidida e o coração pesado, Sofia preparou-se para o que viria a seguir, disposta a fazer o maior sacrifício por um bem maior.