O Último Dilema

O ar estava pesado com a tensão acumulada na sala de reuniões. Sofia e Pedro, sentados um em frente ao outro, trocavam olhares preocupados. Os investidores, de pé, pareciam conspiradores de um plano obscuro. A luz suave do candeeiro projetava sombras nas suas caras, tornando-os figuras sinistras no contexto daquela nova missão.

“Precisamos corrigir isto, Sofia,” disse Pedro, a voz trémula de nervosismo. “Não podemos deixar que eles continuem a manipular o tempo como se fosse um brinquedo.”

“Eu sei,” respondeu Sofia, passando as mãos pelo cabelo de forma nervosa. “Mas o que podemos fazer? Se nos recusar-mos, arriscamos arruinar tudo.”

Pedro aproximou-se um pouco mais dela. “Tens de pensar no bem maior. Estão a usar a nossa pesquisa para fins egoístas. Isso não é ciência; é abuso.”

As palavras dele ecoavam na mente de Sofia. Ela sabia que tinha de decidir. Seria mais fácil seguir as ordens dos investidores, continuar a manipular o tempo para os seus interesses. Mas e o custo? O que aconteceria ao passado? À humanidade? Este dilema pesava sobre os seus ombros.

“E se eles ficarem a saber do nosso plano?” questionou Sofia, franziu a testa. “Eles não são normais, Pedro.”

Pedro respirou fundo. “Precisamos de tempo. Pensa nas pessoas que dependem das nossas decisões. A nossa missão não é apenas sobre nós, mas sobre todos.”

Um silêncio tenso preencheu a sala enquanto Sofia refletia sobre as palavras do seu colega. Ela olhou para o dispositivo que tinham desenvolvido, um pequeno objeto que parecia inofensivo, mas que tinha o potencial de causar enormes alterações na linha do tempo.

“E se... e se nós procurássemos uma forma de desmascará-los?” Sofia sugeriu, um brilho de determinação nos olhos. “Podemos encontrar uma forma de expor a verdadeira natureza deles. Eles não são humanos, Pedro. Estamos a lidar com entidades que se alimentam das emoções alteradas na linha do tempo.”

Pedro assentiu, e a ansiedade na sua face deu lugar a uma nova esperança. “Certo. Mas como vamos fazer isso?”

Sofia passou os dedos pelo dispositivo e, com um sorriso tenso, começou a traçar um plano. “Vamos precisar de informação, um acesso à rede neural que eles usam para monitorizar as alterações no tempo. Caso contrário, não vamos conseguir detê-los.”

“Eu posso ajudar com isso,” respondeu Pedro, os olhos brilhando de determinação. “Com o meu conhecimento sobre os sistemas deles, conseguimos entrar e recolher provas.”

Os dois começaram a trocar ideias, mergulhando numa discussão intensa sobre os passos que deveriam ter em conta. O plano começou a moldar-se, tornando-se uma âncora de esperança no mar de incertezas que os rodeava.

Quando finalmente se tornaram cúmplices no seu objetivo, Sofia olhou para Pedro, o seu coração batia descontroladamente. As dúvidas começaram a dissipar-se. “Isto, Pedro, pode muito bem ser o que nos salvará... ou nos destruirá.”

“Então vamos lutar por isto,” respondeu Pedro, a mirada cheia de coragem. “Não estamos sozinhos. Estamos juntos nesta luta.”

Com essas palavras, o destino de ambos parecia ter um novo rumo. Sofia sentia-se mais forte, mais decidida. Sabia que a batalha que se avizinhava era uma questão de ética, de amor e, acima de tudo, da definição do que era correto.

Portanto, a decisão estava tomada; era hora de confrontar o passado, a verdade, e salvar o futuro a todo o custo. O que mais poderia perder além de tudo o que já havia sido alterado? O verdadeiro dilema não era manipular o tempo, mas escolher não ser manipulada por ele e pelos que queriam usar esse poder para fins obscuros.

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