A primeira coisa que os atingiu foi o frio. Não o tipo de frio natural que se sente num inverno rigoroso, mas um frio que parecia emanar do próprio chão, das paredes, como se a mansão estivesse a respirar o gelo da morte. Um a um, os cinco estranhos abriram os olhos e deram conta do local onde se encontravam. O chão era de mármore escuro, rachado em alguns pontos, e grandes candelabros de ferro forjado pendiam do teto, as suas velas apagadas, como se nunca tivessem conhecido luz.
Lucas foi o primeiro a levantar-se. Ex-militar, habituado a situações de crise, analisou a sala de forma rápida. Nada fazia sentido. O último que se lembrava era de estar a sair de casa... mas isso parecia uma memória distante, desfocada. “Estão todos bem?” perguntou, a voz grave e autoritária.
Ao seu redor, outros três começaram a mover-se. Isabel, uma mulher alta e elegante, estudou o espaço como se estivesse a tentar decifrar um enigma. Havia algo na arquitetura da mansão que a fazia lembrar as velhas casas que costumava investigar como arqueóloga. Pedro, um homem magro e cínico, esfregou os olhos, resmungando algo sobre "mais uma experiência estúpida". E Clara, a mais jovem do grupo, parecia estar num estado de choque, os olhos arregalados enquanto examinava cada canto da sala, como se estivesse à espera de ver algo a sair das sombras.
Foi então que Rui, um homem mais velho e de aspeto bem cuidado, se levantou lentamente. "Como é que viemos aqui parar?" perguntou, a voz tranquila mas carregada de inquietação.
Antes que pudessem responder, o som de algo a arranhar ecoou pela sala. Todos congelaram. Os olhos de Lucas fixaram-se numa pequena mesa de madeira no centro do hall. Uma nota estava pousada nela, o papel amarelecido pelo tempo. Caminhou até lá, pegando na nota com cuidado. As palavras escritas eram simples, mas carregadas de uma promessa de medo: "Descubram a verdade escondida em cada sala."
"Quem é que nos fez isto?" murmurou Clara, ainda a tremer.
"Não importa," disse Lucas, abrindo a primeira porta que encontrou. "A única maneira de sair daqui é seguir as instruções."
Com um ranger lento e pesado, a porta abriu-se para o que parecia ser a sala de estar. Um vento gélido atravessou o hall, como se a própria mansão estivesse a acolhê-los no seu interior sombrio.
Sem outra escolha, o grupo deu o primeiro passo para dentro da casa... e para dentro do mistério.