O Caso Apresentado

Beatriz Rocha estava sentada no seu escritório, cercada de pilhas de documentos e livros jurídicos. O ecrã do computador piscava com notificações de novos e-mails, mas ela estava absorta num caso complicado em que trabalhava há semanas. Até que uma mensagem de um velho amigo a fez parar.

"Beatriz, preciso da tua ajuda urgentemente. Encontra-te comigo às seis, no Café Central. É sobre o Ricardo Nogueira.", escrevia Eduardo Sousa, o promotor.

Beatriz franziu a testa. Ricardo Nogueira era um nome respeitado na comunidade médica, conhecido pela sua dedicação incansável aos pacientes. O que poderia tê-lo trazido à esfera de Eduardo?

Às seis em ponto, Beatriz entrou no Café Central. A atmosfera aconchegante contrastava com a tensão palpável que se via no rosto de Eduardo, sentado numa mesa no fundo.

"Eduardo, o que se passa?", perguntou ela sem preâmbulos.

Eduardo fez um gesto para que se sentasse e, depois de um suspiro profundo, disse:

"Beatriz, o Ricardo está numa situação muito complicada. Ele foi preso por suspeita de assassinar a esposa."

Beatriz ficou boquiaberta.

"Assassinar a esposa? Isso é impossível! Conheço o Ricardo, ele não seria capaz de uma coisa dessas."

Eduardo assentiu lentamente.

"Eu também quero acreditar nisso, mas há provas circunstanciais que o incriminam. A cena do crime, as testemunhas… Está tudo contra ele."

Beatriz respirou fundo. Lembrou-se das vezes que havia defendido clientes em situações aparentemente impossíveis.

"Por que me procuraste, Eduardo? Sabes que não sou a favor de pegarem casos de amigos próximos..."

Eduardo olhou-a nos olhos.

"Beatriz, és a melhor advogada de defesa que conheço. E mais, acredito na tua capacidade de encontrar a verdade. O Ricardo está desesperado e confuso, precisa de alguém como tu. Para além, acho que ele pode estar a ser incriminado."

Um ligeiro arrepio percorreu-lhe a espinha. Beatriz sabia que Eduardo não era homem para fazer acusações levianas.

"Está bem, Eduardo.", disse ela finalmente. "Vou falar com o Ricardo. Onde ele está detido?"

Eduardo sorriu, mostrando um alívio visível.

"Obrigado, Beatriz. Vou providenciar o encontro. Ele está na prisão central da cidade."

Na manhã seguinte, Beatriz dirigiu-se à prisão. Ao entrar na sala de visitas, viu Ricardo sentando, com o rosto marcado pela angústia e noites mal dormidas.

"Ricardo.", começou ela, sentando-se à sua frente. "Estou aqui para te ajudar. Conta-me o que aconteceu."

Ricardo olhou-a com olhos cheios de desespero.

"Beatriz, eu não matei a minha esposa. Tivemos uma discussão acalorada por causa de uns segredos financeiros que ela escondia, mas eu não a matei. Quando cheguei a casa, ela já estava… morta. E agora todos pensam que fui eu."

Beatriz estudou cada nuance da expressão de Ricardo. Algo no seu olhar perdido e confuso fazia-a acreditar na sua inocência.

"Vou precisar de saber todos os detalhes, Ricardo.", disse ela calmamente. "Cada palavra, cada passo que deste, cada pessoa que viste. Não podemos deixar nada de fora."

Ricardo assentiu lentamente.

Saindo da prisão, Beatriz sentiu o peso da responsabilidade recair sobre os seus ombros. Tinha de provar a inocência de Ricardo e encontrar o assassino verdadeiro. Já no carro, sentiu o telemóvel vibrar. Um número desconhecido. Atendeu, hesitante.

"Olá?"

Uma voz desconhecida, distorcida na outra linha, sussurrou:

"Cuida bem do teu amigo, advogada. Ele pode estar a ser incriminado."

Antes que Beatriz pudesse responder, a linha caiu. Ela permaneceu estática por alguns segundos, processando a informação. Este caso estava a tornar-se muito mais complicado do que inicialmente parecia. E estava decidida a descobrir a verdade.

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