Risco Imediato

Mia e Lucas passaram horas a investigar a identidade do responsável pela "limpeza". A pista da transferência bancária revelou-se crucial, levando-os a um nome—Jorge Almeida. Conhecido no submundo do crime como "O Lexívias", Jorge era uma figura enigmática, alguém que operava nas sombras, especializado em eliminar provas e silenciar testemunhas. Para se aproximar dele, Mia sabia que teria de ser extremamente cuidadosa.

"Ele não é um amador," avisou Lucas, enquanto analisavam as poucas informações disponíveis sobre Jorge. "Este tipo lida com gente perigosa. Se ele desconfiar de ti, estamos em apuros."

"Precisamos de um pretexto convincente," disse Mia, a mente a trabalhar rapidamente. "Algo que faça sentido para ele, algo que o interesse ao ponto de baixar a guarda."

Lucas concordou, e juntos começaram a formular um plano. Decidiram que Mia se apresentaria como uma intermediária de um cliente fictício, alguém que precisava urgentemente dos serviços de Jorge para "limpar" uma situação complicada. Era uma abordagem arriscada, mas a única que poderia funcionar.

Horas depois, Mia estava pronta. Com o coração acelerado, fez a ligação para o número que Lucas tinha conseguido. Quando a chamada foi atendida, uma voz grave e controlada soou do outro lado.

"Quem é?" perguntou Jorge, sem esconder a desconfiança.

"Sou uma intermediária," respondeu Mia, com a voz firme, tentando mascarar o nervosismo. "Represento um cliente que precisa dos teus serviços. Algo urgente e delicado."

Houve uma pausa do outro lado da linha, seguida por um tom mais cauteloso. "Como é que conseguiste este número?"

Mia respirou fundo. "Tenho os meus recursos. E o meu cliente está disposto a pagar bem pelo teu trabalho."

Jorge ficou em silêncio por um momento, antes de finalmente responder. "Onde e quando?"

A voz dele enviou um arrepio pela espinha de Mia, mas ela manteve a compostura. "Hoje à noite, num bar discreto no centro. Estarei lá às 21h. Traz as condições."

Sem dizer mais uma palavra, Jorge desligou. Mia olhou para Lucas, que a observava com uma expressão séria. "Ele mordeu o anzol," disse ela, tentando acalmar-se.

"Mas não fiques demasiado confiante," alertou Lucas. "Estes tipos são imprevisíveis. Vamos monitorizar tudo de perto."

À medida que a noite se aproximava, Mia preparou-se mentalmente para o encontro. O plano era simples: aproximar-se de Jorge, ganhar a sua confiança e tentar obter informações sobre o que o grupo de influenciadores estava a planear. No entanto, sabia que a linha entre sucesso e desastre era extremamente ténue.

Ao chegar ao bar, Mia escolheu uma mesa num canto escuro, onde podia observar a entrada sem ser notada. Passados poucos minutos, Jorge entrou, um homem robusto com uma expressão impenetrável. Ele olhou em volta antes de a avistar e dirigiu-se para a mesa.

"Tu és a intermediária?" perguntou ele, enquanto se sentava, os olhos a perscrutar cada detalhe.

"Sim," respondeu Mia, mantendo o seu disfarce. "Preciso de garantir que o meu cliente ficará protegido."

Jorge assentiu, mas algo nos olhos dele indicava que não estava completamente convencido. "Quero detalhes," disse ele, direto.

Mia começou a falar, apresentando a história cuidadosamente criada com Lucas. Mas, à medida que falava, percebeu que Jorge a estudava de forma intensa, como se procurasse algo que não fazia sentido. O nervosismo cresceu dentro dela, mas ela continuou, mantendo-se firme.

De repente, Jorge interrompeu-a. "Tu não és quem dizes ser," disse ele, com uma calma perturbadora. "Há algo errado aqui."

Mia sentiu o pânico a apertar-lhe o peito, mas tentou manter a compostura. "Não sei do que estás a falar," respondeu ela, tentando soar convincente.

Mas Jorge não se deixou enganar. "Achas que sou idiota? Estás a tentar tramar-me? Se estás a trabalhar para a polícia ou para algum outro grupo, vais arrepender-te."

Num movimento rápido, ele pegou no telefone e começou a fazer uma chamada. Lucas, que estava a monitorizar a situação remotamente, agiu de imediato. "Mia, sai daí, agora!" gritou no auricular.

Sem hesitar, Mia agarrou na sua bolsa e levantou-se de repente, derrubando a cadeira. Jorge tentou agarrá-la, mas ela foi mais rápida, empurrando-o para trás com força suficiente para abrir espaço e correr em direção à saída do bar.

Lá fora, Mia correu pelas ruas escuras, o coração a martelar no peito. Podia ouvir os passos de Jorge atrás dela, e sabia que ele não ia desistir facilmente. "À direita! Rápido!" orientou Lucas, guiando-a pelas ruas como se fosse um labirinto.

Finalmente, Mia virou numa esquina e avistou um beco. Sem pensar duas vezes, correu para lá e encontrou uma porta lateral entreaberta. Entrou e fechou-a rapidamente, encostando-se à parede, tentando controlar a respiração. Do outro lado da porta, ouviu os passos de Jorge a passar, sem perceber onde ela se escondera.

Lucas continuava a falar no auricular, a voz agora mais calma. "Conseguiste escapar por pouco. Mas agora ele sabe que alguém está atrás dele. Precisamos de mudar de estratégia."

Mia assentiu, mesmo sabendo que Lucas não a podia ver. Estava exausta e assustada, mas aliviada por ter conseguido fugir. No entanto, sabia que a situação acabara de se complicar ainda mais. Jorge era uma ameaça real, e agora, estava alerta.

Enquanto se recuperava do susto, Mia percebeu que, apesar do perigo, tinha conseguido obter uma coisa crucial—na fuga, tinha gravado toda a conversa com Jorge. E mesmo que o encontro não tivesse corrido como planeado, tinha agora provas que poderiam ser decisivas.

Mas a pergunta permanecia: até onde ela estaria disposta a ir para acabar com este grupo? O perigo estava mais próximo do que nunca, e Mia sabia que a partir daquele momento, não haveria margem para erros.

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