A sala estava repleta de tensão. O grupo de resistência reunido no armazém escuro trocava olhares nervosos enquanto verificavam os equipamentos. Entre eles, Clara sentia uma mistura de ansiedade e determinação.
"É agora ou nunca," disse Pedro, a voz dele ecoando nas paredes vazias.
"Precisamos ser rápidos. O nosso alvo é o centro de comando. As memórias de muitos estão em jogo," acrescentou Sofia, outra integrante da resistência, while ajustava o dispositivo 'Refletor'. Clara sentia uma adrenalina crescente ao ouvir aquelas palavras, lembrando-se dos rostos das pessoas que desejavam libertar.
De repente, Pedro olhou para Clara e sorriu.
"Estás pronta?"
Ela acenou com a cabeça, tentando esconder o nervosismo. "Sim, estou pronta," respondeu, mas sentia um aperto no peito.
À medida que se aproximavam do centro de comando, Clara pensava em todas as promessas feitas. A ideia de libertar memórias escravizadas era demasiado tentadora, mas ao mesmo tempo, cheia de riscos. O plano estava bem traçado, mas enfrentar os drones de vigilância nunca seria fácil.
Finalmente, chegaram à entrada do centro. Pedro virou-se e disse:
"Lembrem-se, temos de ser silenciosos. Cada segundo conta."
Clara inspirou fundo e seguiu os demais. Ao entrarem, foram recebidos por um corredor escuro, iluminado apenas por umas poucas luzes frias. Podiam ouvir o zumbido dos drones acima deles. A tensão era palpável. Clara firmou os pés, determinada a seguir em frente.
Sofia avançava na frente, comandando a operação. "Aqui, num instante, temos de chegar ao núcleo de dados," sussurrou, olhando rapidamente para Clara e Pedro.
Mas, de repente, um bip alertou todos. Um drone surgiu no final do corredor, e antes que Clara pudesse reagir, o som do disparo ecoou.
"Cuidado!" gritou Pedro, empurrando Clara para o lado. O drone disparou novamente, e as luzes começaram a piscar.
O caos irrompeu. Os membros do grupo separaram-se, tentando encontrar cobertura. Clara sentiu o coração acelerar.
"Pedro!" gritou, mas a voz dela perdia-se no ruído da batalha.
Uma explosão abalou o corredor, e Clara viu um dos membros a ser derrubado. A adrenalina tornou-se um turbilhão de emoções — medo, raiva, e o desejo de lutar. Contudo, na desordem, uma sombra movia-se à sua volta.
Antes que pudesse reagir, a escuridão a envolveu. Clara caiu ao chão, e tudo o que conseguiu ver foram rostos indistintos a desaparecer.
Quando acordou, estava sozinha, numa sala fria. A luz artificial a cega momentaneamente. Clara rodou a cabeça, tentando entender o que tinha acontecido. "Pedro?" chamou, mas só obteve silêncio como resposta.
Então, a porta abriu-se e um homem de uniforme entrou. A expressão dele era uma mistura de curiosidade e desprezo.
"Ah, finalmente acordaste. Bem-vinda ao coração do nosso regime," disse, com um sorriso cínico.
A sensação de perda invadiu Clara. Aquela invasão que deveria ter sido a libertação tornou-se uma armadilha. "O 'Refletor' …" pensou, em choque.
Naquele momento, uma verdade aterradora começou a tomar forma na sua mente: o 'Refletor' tinha sido projetado pelos próprios membros da resistência.
"Estás aqui para nos ajudar a voltar a pôr as memórias no lugar," afirmou o homem, como se tivesse lido os pensamentos dela.
A raiva e a confusão lutavam dentro de Clara, mas sabia que precisava permanecer forte. Havia vidas em jogo, e agora, mais do que nunca, era crucial que ela encontrasse uma forma de escapar e mudar o rumo daquela história.