Recrutamento

Clara caminhava pelas ruas escuras, a luz dos drones de vigilância a iluminar parcialmente o seu caminho. O nervosismo fazia-a sentir-se viva, e, ao mesmo tempo, sobrecarregada. Sabia que o grupo clandestino ao qual se estava a juntar tinha um plano audacioso. Enquanto se aproximava do ponto de encontro, sentiu um misto de esperança e ansiedade a crescer dentro de si.

Ao entrar numa velha armazém, encontrou-se com os outros membros da resistência. O ambiente estava impregnado de uma determinação silenciosa. "Espero que estejamos prontos para o que vem aí", disse um homem de cabelo desgrenhado e olhos penetrantes. “Estamos a brincar com fogo”, acrescentou, olhando intensamente para ela.

Pedro, o líder do grupo, aproximou-se. Ele tinha uma presença magnética, e Clara sentiu uma inexplicável atração pela sua energia. “Clara, bem-vinda. Sabemos que isto é um grande passo, mas precisamos de pessoas como tu. A tua experiência com o 'Refletor' pode ser a chave para libertar as mentes oprimidas”, disse ele, encorajando-a.

Com um nó na garganta, Clara respondeu: “Eu quero ajudar, mas... e se falharmos? E se tudo o que fizermos apenas piorar as coisas?”

Pedro sorriu com compreensão. “O medo é um companheiro natural. Mas é a coragem que nos faz agir. Acredita em nós e em ti mesma. Temos a oportunidade de mudar tudo.”

Os outros membros assentiram, e Clara começou a sentir-se parte de algo maior. Conversas fervilhavam ao seu redor, planos estavam a ser traçados. O 'Refletor' seria usado para infiltrar as memórias dos cidadãos e libertá-los do controlo opressivo do regime. Alguma coisa dentro dela dizia que era agora ou nunca.

Depois de horas de discussões, Clara recuperou a confiança. “Estou pronta para lutar”, declarou com convicção. A sala encheu-se de murmúrios de aprovação, e as faces dos outros irradiavam uma determinação solidária.

Pedro olhou para ela, os seus olhos brilhavam com um mistério que Clara não conseguia descodificar. “Ótimo. A tua habilidade pode fazer a diferença. Vamos coordenar um ataque ao centro de controlo. Uma vez que tenhamos acesso ao 'Refletor', poderemos iniciar a libertação.”

Clara sentia o coração a acelerar, mas havia algo mais: uma nova esperança. No entanto, o peso da responsabilidade começava a pressionar o seu peito. “E se não conseguirmos? E se nos apanharem?” perguntou, com a voz a tremer ligeiramente.

Pedro aproximou-se dela e colocou uma mão reconfortante sobre o ombro. “Então lutaremos. O mais importante é que não estamos sozinhos. Cada um de nós tem um papel a desempenhar. Temos de acreditar que somos mais fortes juntos.”

As palavras deixaram uma marca em Clara. Ela olhou à sua volta, vendo rostos determinados e corações a pulsarem com um só desejo: liberdade. Era mais do que apenas um combate contra um regime opressivo; era uma luta pela sua própria identidade e pelos direitos de cada cidadão.

Com esse pensamento, sorriu, sentindo-se finalmente parte de algo que fazia sentido. “Vamos fazê-lo”, disse, forte e convicta. “Estamos juntos nisto.”

O ar estava cheio de expectativa, e a determinação do grupo era palpável. Clara sabia que as consequências poderiam ser severas, mas ao olhar nos olhos de Pedro, viu uma centelha que acendia a sua própria coragem.

O recrutamento estava completo. Agora, a verdadeira batalha estava prestes a começar, e Clara estava pronta para enfrentar os desafios que viriam, decidida a lutar pela liberdade que tanto desejava.

<< A Descoberta Índice Memórias Perdidas >>