Os Últimos Recursos

Sofia e Marco desceram pelas escadas de acesso ao porão da colónia, um espaço já esquecido por muitos. O ar pesado e frio envolvia-os, enquanto passavam pelos restos de maquinaria abandonada. A luz fraca de lanternas oscilantes refletia nas superfícies de metal corroído, revelando vestígios de uma tecnologia que outrora tinha sido promissora.

"Estás certa de que isto ainda funciona?", perguntou Marco, a sua voz ressoando pelo espaço. Ele olhou para os equipamentos, a desconfiança visível nas suas feições.

"Temos de tentar," respondeu Sofia, a determinação a brilhar nos seus olhos. "Se conseguirmos restaurar esta máquina, pode ser a nossa oportunidade de salvar a colónia."

Ambos começaram a examinar os painéis de controle e as engrenagens, enquanto a mente de Sofia vagueava para as memórias do céu azul que sempre sonhara. Nos seus pensamentos, a imagem de Pedro pairava, e, de repente, uma ideia fez-se luz: "Marco, e se Pedro soubesse mais sobre isto?"

Marco arqueou uma sobrancelha. "Ele não é de confiança. Vi-o a falar com um membro da Ordem na semana passada. Não podemos arriscar."

Enquanto falavam, um som de passos aproximou-se. A tensão no ar tornou-se palpável. A voz de Pedro irrompeu pela penumbra, "O que estão a fazer aqui?"

Sofia e Marco trocaram um olhar rápido. "Estamos a investigar, Pedro. Achamos que a maquinaria pode ajudar a nossa colónia," respondeu Sofia, tentando manter a calma, mas a incerteza abrasava-a.

"Investigadores? Ou espiões?" disse Pedro, com desdém. "A Ordem não se vai calar e vocês sabem bem disso."

Marco deu um passo à frente. "Apenas queremos saber a verdade, e isso inclui quem está a trabalhar com eles."

A expressão de Pedro endureceu. "E se eu estivesse a ajudar a Ordem? O que fariam?"

O olhar desafiador de Sofia atravessou o espaço. "Não acreditamos que isso te tornaria um herói, Pedro. Estás a trair a nossa colónia!"

Pedro riu sarcasticamente. "Herói? O que é um herói num mundo como este? Apenas precisamos de sobrevivência, não de moralidades."

Uma súbita onda de raiva percorreu Sofia. "Nós temos a obrigação de lutar pelo que é certo! Não vamos deixar a Ordem destruir o que nos resta!"

Então, um clarão repentino de luz iluminou o espaço. Outros membros da colónia estavam a aproximar-se. O ar encheu-se de murmúrios e olhares desconfiados, enquanto a sombra da Ordem se tornava ainda mais pesada.

"Sofia," disse Marco rapidamente, "temos que sair daqui. Não podemos estar aqui quando eles chegarem."

"E o que vamos fazer com isso?" Sofia gesticulou para a velha maquinaria novamente.

"Vamos levá-la," Marco sugeriu. "Se a Ordem quer usá-la para os seus próprios fins, nós podemos usar os nossos talentos para consertá-la antes que eles o façam."

Com um plano na mente e os corações acelerados, Sofia e Marco puseram-se em movimento, determinados a não deixar que a desconfiança e a traição os paralisassem. A luta pela sobrevivência apenas começara, e eles não estavam prontos para desistir.

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