Francisco adentrou a floresta com uma sensação de curiosidade crescente. As árvores imponentes, cobertas de musgo, pareciam sussurrar segredos em um dialeto antigo que apenas a brisa conseguia decifrar. Ele sentiu que estava a entrar num reino onde o tempo se desvanecia, e as linhas entre o real e o sobrenatural começavam a esborratar-se.
Enquanto caminhava, ouviu murmúrios entre as folhagens; as vozes pareciam ser ecos de conversas longínquas. Encostou a mão a um tronco e, ao olhar para cima, viu símbolos estranhos esculpidos na casca da árvore. Pareciam histórias de um passado esquecido, narrando a vida de pessoas que antes habitavam aquelas paragens. À medida que explorava, sentiu duas figuras a surgir na sua mente: uma mulher de olhar profundo e um homem com uma expressão serena. Eram visões fugazes que iludiam a lógica do jovem arqueólogo, que se via cada vez mais envolto em questionamentos sobre a essência da sua pesquisa.
A floresta levava-o a pensar sobre as relações humanas com o ambiente e a sua história. Francisco parou em um clareira e, observando a natureza à sua volta, sentiu o peso da ancestralidade. “O que será que estas árvores ouviram?” pensou.
Foi neste momento que ele notou uma pedra antiga em meio às raízes expostas de uma árvore majestosa. A pedra pulsava com uma energia invisível, como se estivesse viva. Francisco aproximou-se lentamente, colocando a mão sobre a superfície fria. O contato enviou uma onda de sensações através do seu corpo, como se aquilo o conectasse aos ecos de experiências passadas.
De repente, a atmosfera começou a mudar. O céu, que estava limpo, tornou-se encoberto por nuvens escuras. O vento uivava, agitando a folhagem de forma frenética. “Isto não é bom,” murmurou Francisco, sentindo o pânico a instalar-se enquanto olhava para o céu. A tempestade parecia aproximar-se rapidamente, e sentiu um impulso incontrolável de procurar abrigo.
Correndo contra o vento, avistou uma caverna à distância. Sem pensar duas vezes, apressou-se até lá. A entrada da caverna era envolta em sombras, mas, à medida que se aproximava, notou que as paredes estavam cobertas de artefatos misteriosos. Os ecos da tempestade fora da caverna pareciam estar longe, quase como se estivessem numa memória distante.
Francisco iluminou a caverna com a sua lanterna e os olhos arregalaram-se. Artefatos de uma civilização antiga estavam dispostos aos seus pés, cada um contando uma história que ele estava começando a desesperadamente querer ouvir. Ali, entre as sombras e os sussurros, uma nova verdade começava a desvelar-se.
Sentou-se no chão, rodeado pelos vestígios de um passado que clamava por reconhecimento. “O que se passou aqui?” murmurou ele, a voz ecoando nas paredes de pedra, como se a própria caverna esperasse por uma resposta.